ATA DA DÉCIMA QUINTA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 26.06.1990.

Aos vinte e seis dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Quinta Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, dedicada a homenagear a Entidade Comunitária Israelita Brasileira – ECIBRAS, pelo transcurso do aniversário da Instituição. Às dezessete horas e três minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancadas que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr. Jorge Chiden, Prefeito Municipal de Viamão; Srª Rute Milman, Presidente da Entidade Comunitária Israelita Brasileira – ECIBRAS; Drª Evelyn Berg Ioschpe, Fundadora da Entidade Comunitária Israelita Brasileira – ECIBRAS; Srª Marilaine Bergue, Diretora do Lar da Criança Anne Frank; Dr. Jaime Saltz, Vice-Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, representando a Presidência da Federação; Dr. Renato D’Arrigo, Superintendente da Companhia Ioschpe de Participações, representando a Presidência do Grupo; e Ver. Nelson Castan, autor da proposição e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Nelson Castan, na condição de autor que originou a presente homenagem e, em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PTB, PCB, PL e PT, ressaltou o atendimento, pela Entidade Comunitária Israelita Brasileira – ECIBRAS, a mais de setenta crianças carentes da Vila Universitária, destacando, ainda, a doação feita pela Prefeitura de Viamão, através do Prefeito Jorge Chiden, de um terreno para ampliação do atendimento aos pequenos carentes da região. O Ver. João Dib, em nome das Bancadas do PDS e PSB, salientou a magnanimidade das pessoas que dedicam seu tempo àqueles seres menos aquinhoados. O Ver. Artur Zanella, em nome da Bancada do PFL, homenageou o trabalho realizado pela Entidade Comunitária Israelita Brasileira – ECIBRAS, reverenciando, também, a personalidade de Anne Frank. Lembrou, ao final, a assistência dada nos “Kibutz” de Israel e a exploração, em nosso País, da pobreza. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Srª Rute Milman, Presidente da Entidade Comunitária Israelita Brasileira – ECIBRAS que, em nome daquela Instituição, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Ainda, durante a realização dos trabalhos, ocorreu a apresentação de número artístico pelos alunos da Creche Anne Frank. Às dezessete horas e cinquenta e um minutos, o Senhor Presidente convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Nelson Castan, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Nelson Castan, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Estamos dando início aos trabalhos da Sessão Solene requerida pelo Ver. Nelson Castan para homenagear a Entidade Comunitária Israelita Brasileira pelo transcurso do aniversário da Instituição. A homenagem foi aprovada pela unanimidade desta Casa. Comunicamos a presença da Executiva do Grupo Wizo neste evento.

É com grande satisfação que iniciamos a Sessão Solene de hoje, dedicada a homenagear a Entidade Comunitária Israelita Brasileira, instituição que, entre outros objetivos, procura ajudar crianças carentes. A ECIBRAS criou o Lar da Criança Anne Frank, em Viamão, que hoje presta auxílio a dezenas de famílias da região. Realizando um trabalho de cunho social de grande valia, as atividades desenvolvidas pelas senhoras desta entidade são um belo exemplo do que a comunidade judaica tem feito pelos necessitados, não só em nossa Cidade, mas em todo o País. Recebam, pois, a justa homenagem desta Casa os representantes da Entidade Comunitária Israelita Brasileira presentes a esta Sessão Solene.

A esposa do Ver. Nelson Castan vai entregar à Presidente da Entidade Comunitária Israelense Brasileira um buquê de flores.

(É procedida à entrega das flores.) (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do nosso querido ex-Prefeito de Viamão Tapyr Rocha. Temos prazer em recebê-lo. Registramos, também, a presença do Presidente do Conselho de Entidades Judaicas do Rio Grande do Sul, Dr. Israel Lapchik. Gostaria que V. Exª ocupasse uma das nossas tribunas, por favor.

Neste momento, gostaria de anunciar a apresentação dos alunos da Creche Anne Frank. (Música entoada pelas crianças da Creche Anne Frank.)

“De manhã o sol mal aparece/ E mamãe já vem me acordar/ Sete horas inicia a rotina/ No Anne Frank que é o nosso segundo lar.

Anne a pequena/De ti vou lembrar/Te homenagearam/E me deram este lar.

Contentes aqui nos abrigamos/ Aqui nos preparamos/ Prá vida enfrentar/ Sabemos a vida é uma luta/ Só vence quem labuta/ Nossos pais precisam trabalhar.

Lanche, aulinha, repouso e brincadeira/ Nossas tias vem nos proporcionar/ O dia passa eu nem vejo e já é hora/ De alguém vir pra casa me levar.

Tarde chegando/ E eu fico a esperar/Minha mãezinha/ Que vem me buscar.

Contentes aqui nos abrigamos/ Aqui nos preparamos/ Prá vida enfrentar/Sabemos a vida é uma luta/ Só vence quem labuta/ Nossos pais precisam trabalhar”.

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Nelson Castan, autor da proposição, que falará em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PTB, PCB, PL e PT.

O SR. NELSON CASTAN: (Menciona os componentes da Mesa.) Eu também gostaria de registrar a presença, entre nós, dos Vereadores Flávio Koutzii, Dilamar Machado, Isaac Ainhorn, Omar Ferri e Artur Zanella e do nosso querido ex-Prefeito de Viamão, que muito ajudou também a Creche, Tapyr Rocha. Uma sociedade é um composto multifacetário de etnias, culturas e religiões. O Brasil, mais que qualquer outro país, bem ilustra esta situação de convivência entre elementos distintos. Uma sociedade saudável é aquela que garante aos seus indivíduos, independentemente de suas particularidades, uma existência digna e harmoniosa. O Brasil caminha nesta direção.

Há certas iniciativas que merecem atenção especial pela força do exemplo que carregam. É o caso do Lar da Criança Anne Frank, mantida pela Entidade Comunitária Israelita Brasileira. A primeira pergunta que pode surgir para quem vê uma creche mantida pela comunidade judaica na Cidade de Viamão: qual é a ligação entre os dois extremos? Para o grupo de ativistas judias que em 1981 começou a dar forma à idéia, este vínculo era, e continua sendo, muito forte e presente. Ele é oriundo da compreensão de que todos os segmentos da sociedade são responsáveis pelo bem-estar comum e a todos cabe uma parcela de trabalho para a solução dos problemas que freiam o pleno desenvolvimento da humanidade, onde quer que estes se localizem.

No caso da ECIBRAS, este entendimento ganha uma dimensão especial por tratar-se o povo judeu um segmento tantas vezes perseguido e segregado. A creche Anne Frank canaliza, através de seu trabalho de atendimento a mais de setenta crianças carentes da Vila Universitária, um sentimento de toda a coletividade judaica e um dos mais caros ensinamentos do judaísmo: enquanto todos não estiverem bem, ninguém estará bem.

Para endossar a validade da obra são merecedoras de destaque algumas normas que regem o funcionamento da Creche e que servem de porta voz à profunda visão ideológica que guiou o grupo capitaneado por Evelyn Berg Ioschpe, primeira presidenta da ECIBRAS: só tem ingresso à creche os filhos de famílias carentes, onde tanto o pai como a mãe sejam, comprovadamente, trabalhadores. Fica resguardada, desta forma, a função social da instituição.

Através de seus nove anos de história, passando pelas gestões de Evelyn Berg Ioschpe, Sara Turkenitch, Mariza Melzer Teruchkin e Rute Milman, a ECIBRAS tem se mantido fiel à sua idéia original. Com a colaboração da Prefeitura de Viamão, através do Prefeito Jorge Chiden, o Lar da Criança Anne Frank pensa no futuro. Um terreno anexo ao prédio da creche foi doado para que, na gestão de Noêmia Fialkow, recém eleita, e nas que se sucederão, seja ampliado o atendimento às crianças carentes da região.

Atualmente o Lar da Criança conta com cinco professoras, quatro atendentes, caseiros, psicóloga e serviço permanente de limpeza. A todos eles e à professora Marileine Bergue, diretora, fica o nosso profundo respeito pelo trabalho que realizam. Da mesma forma, os pais dos alunos e toda a comunidade da Vila Jardim Universitário tem sido fundamentais para a concretização dos objetivos da Entidade Comunitária Israelita Brasileira.

Vamos parar um pouco e refletir, precisamente, sobre o que faz a ECIBRAS através do Lar da Criança Anne Frank. Acolhe crianças cujas famílias vivem próximas à carência absoluta. Dá educação e alimentação a essas crianças. Dá-lhes os requisitos fundamentais para que, ao longo de suas vidas, apareçam-lhes oportunidades. Que outro Brasil feliz e justo não teríamos se os governantes propiciassem a todas as crianças desvalidas essa mesma oportunidade? Estamos cada vez mais convencidos que este tipo de escola integrada é o caminho para que um dia se possa dizer que o Brasil atingiu a plenitude democrática, não só no que diz respeito aos direitos formais do cidadão, mas também ao direito que todos têm à alimentação, vestimenta e moradia digna.

A ECIBRAS é uma prova espontânea de que este caminho é viável e de que é preciso semear pensando no futuro para colher bem. É este o trabalho que tem sido realizado pela Mesa Diretora da Entidade, um grupo de voluntárias que tem dado de seu tempo e de seu talento para administrar toda a estrutura da creche e que, justamente por isso, merece nosso reconhecimento no instante que a Cidade de Porto Alegre presta esta justa homenagem à ECIBRAS.

Para finalizar, gostaria de manifestar minha mais absoluta confiança, não somente na creche como instituição, mas na idéia que ela representa. Apesar de todos os problemas sociais por que passa o Brasil, iniciativas como as de vocês representam uma esperança. É através da educação que se modifica a sociedade e ninguém melhor que a criança serve de porta-voz desta força transformadora.

Gostaria, neste instante, de homenagear a todos aqueles que fizeram, fazem e farão parte da ECIBRAS. A todos os alunos, seus pais, diretoria, funcionários, empresas que ajudaram na construção do prédio, Prefeitura de Viamão e sócios da entidade. Gostaria de chamar a Srª Rute Milman, Presidenta da ECIBRAS, para receber um buquê de flores, que representa todo o reconhecimento ao seu trabalho e de suas companheiras e a gratidão da Cidade de Porto Alegre ao exemplo que nos tem dado. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. João Dib em nome das Bancadas do PDS e PSB.

O SR. JOÃO DIB: (Menciona os componentes da Mesa.) Meus senhores e minhas senhoras, depois de todas as palavras ditas pelo Ver. Nelson Castan nada se pode acrescentar aos trabalhos, aos méritos que pelo trabalho da entidade ela tem direito, mas uma frase me chamou profundamente a atenção e que norteia os trabalhos da entidade: “Apesar de tudo ainda acredito na bondade humana”. E, num momento de falta de solidariedade, de falta de compreensão, de falta de amor, quando algumas pessoas ainda acreditam na bondade humana, nós chegamos à conclusão que nem tudo está perdido porque a bondade humana realmente existe e nos dias frios que nós estamos vivendo, agora, não fora esta bondade, o que seriam de muitas destas crianças que lá no Anne Frank estão agasalhadas e protegidas. Anne Frank que deu um nome à Instituição e que foi desamparada pelo mundo, mas as crianças que estão no Anne Frank não estão desamparadas. Elas poderiam e estão, até certo ponto, marginalizadas da vida, mas pelo carinho, pela bondade humana que se acredita dentro da Entidade elas não serão marginais, por certo, porque elas também aprenderão que a bondade humana existe e que precisa ser cultivada.

Em nome do meu partido, em nome do PSB, eu quero cumprimentar a todas as damas que emprestam a sua colaboração que dão muito da sua bondade, que dão muito da sua colaboração, que dão muito do seu carinho para crianças que poderiam amanhã ser marginais, não o sejam. Para que crianças aprendam que ainda é importante amar, que ainda é importante acreditar, que a bondade há de superar muitas das deficiências que este mundo tem, e é por isso que recebem os nossos mais efusivos e calorosos cumprimentos, porque é assim que se constrói o mundo, dando um pouquinho de cada um de nós para aqueles que têm menos do que nós. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Artur Zanella em nome da Bancada do PFL.

O SR. ARTUR ZANELLA: (Menciona os componentes da Mesa.) Meus senhores e minhas senhoras, também algumas pessoas ex-dirigentes da entidade como Mariza Teruchkin, Ana Knijnik, Sara Ioschpe e Moema Fielkoff.

Senhores Vereadores, num final de tarde como este de hoje nós temos a recompensa pelo nosso trabalho, nesta Casa. Nós temos aqui Sessões tensas, problemas, normalmente as coisas boas não vêm a esta Casa durante as Sessões. São dramas, são discussões e só há uma unanimidade quando temos neste Plenário, que representa a Cidade de Porto Alegre, essas lideranças comunitárias e principalmente as crianças, porque não seria demais dizer e sempre se deve repetir que sem um atendimento às crianças, à juventude, não existe um País, não existe uma Nação e cada criança é diferente da outra e assim ela deve ser cuidada e assim ela deve ser criada.

Eu lembrava-me, agora, das diferenças que eu conheci, por exemplo, num kibutz em Israel, onde as crianças têm um tipo de educação e um tipo de atendimento, que têm lá a sua vista e vai ter em toda sua história, querendo ou não querendo, a realidade da guerra. E nós, aqui, com as crianças, a maioria com a realidade da exploração da pobreza e da miséria. Mas aquelas mulheres que lá cuidam daquelas crianças, todas no seu conjunto, todas elas vivendo normalmente o dia inteiro longe da família onde o homem e a mulher trabalham, eu imagino aqui também esse combate a essa realidade triste que nós temos do desamparo à criança. E eu fiz questão, então, de falar para homenagear essas pessoas, aquelas que foram Presidentes da ECIBRAS, que representam todo esse trabalho, algumas ou todas elas aqui citadas. Eu não sairia daqui, hoje, satisfeito, sem dizer para a Dona Rute Milman que ao ver o Júlio, aqui, me lembrei da frase que sempre uma grande mulher tem um homem ajudando lá. Eu espero que o Júlio faça isso. Também, como lembrança e como palavra final, que é importante que se destaque aqui, e isso tem que ser destacado todos os dias, em todos os lugares, que além de todo esse trabalho existe um nome, Anne Frank, cujo diário já foi acusado de fraude, de falsificação. Existem livros que são vendidos, hoje, neste País, que dizem que Anne Frank até não existiu ou se existiu não é aquilo que apareceu no seu diário. Qualquer dia Anne Frank se torna guarda de um campo de concentração, porque quer se colocar ao mundo que aquele holocausto não existiu. E isso tem que ser definido sempre por descendentes italianos, portugueses, como é o meu caso, por libaneses, como é o caso do João Dib, que aqui falou, pelo Leão de Medeiros, que chegou há pouco, daqueles outros Vereadores que já foram citados e nós temos, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, e as pessoas que aqui estão presentes, ao elogiar esta manifestação de amor que é este Lar Anne Frank e todas as demais ações em defesa das crianças, em defesa dos velhos, como a comunidade tem também a sua Casa de apoio às pessoas de mais idade, temos que, sempre, em todos os locais, e faço isto neste momento, dizer que Anne Frank, ao dar o seu nome a uma entidade deste tipo, tem que dizer que todos nós somos iguais e que não cabe, neste mundo, qualquer tipo de preconceito ou qualquer tipo de perseguição ou racismo. Era isto que eu tinha a dizer, em nome do meu Partido e também aquilo que nós mais queremos: ver o futuro do nosso País amparado por pessoas que dão a sua vida, o seu tempo, em benefício daqueles que mais precisam. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra à Srª Rute Milman, Presidente da Entidade Comunitária Israelita Brasileira – ECIBRAS, em nome daquela Instituição.

A SRA. RUTE MILMAN: (Menciona os componentes da Mesa.) É com a mais verdadeira emoção que ocupo, neste momento, a tribuna deste Plenário para, em nome da ECIBRAS – mantenedora do Lar da Criança Anne Frank – agradecer a homenagem que nos é prestada, por iniciativa do ilustre Ver. Nelson Castan. Nossos agradecimentos estendem-se, também, aos demais Vereadores desta Casa que, ao aprovarem a realização desta Sessão, demonstraram sua preocupação e solidariedade com o problema do menor carente, tão grave e de reflexos tão profundos em nossa sociedade.

Cabe, preliminarmente, expor aos Senhores o que é a ECIBRAS. A ECIBRAS é a entidade mantenedora do Lar da Criança Anne Frank. Somos reconhecidos como de utilidade pública em nível Municipal e Estadual e, em tramitação, em nível Federal. Trabalhamos voluntariamente, divididas em Departamentos, e administramos uma creche localizada no Município de Viamão. Nossos recursos são obtidos através da contribuição mensal de pessoas físicas e jurídicas, envolvendo de forma ampla a comunidade Israelita de Porto Alegre. Contamos, também, com numerário advindo de convênio com a LBA e recebemos, de forma irregular, mantimentos através do DAMIN, vinculado à Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente. Trabalham ativamente na condução da ECIBRAS Iara Gueller, Vice-Presidente; Mariza Melzer Teruchkin e Noemia Fialcow, Secretária e Segunda Secretária; Malvina Sibemberg e Reweka Teitelroit, Tesoureira e Segunda Tesoureira; Dr. Abraão Faerman Sobrinho, à frente do Departamento Administrativo; Noemia Nestrowski, responsável pelo Departamento de Promoções e Divulgação; Ana Maltz Knijnik, respondendo pelo Departamento Técnico. Colaboram com estes Departamentos as Senhoras Anita Sirotski, Beatriz Steinbruch, Bella Nudelman, Enei Gulko, Marlene Wolf, Miriam Milman, Rita Carmen Zaduchliver, Roseline Lerner, Sabina Wainer, Sara Frejlich e Sara Ioschpe. Compõem o Conselho Fiscal da Entidade Matilde Gus, Jayme Saltz e Jacques Bacaltchuk, e são suplentes Ione Pacheco Sirotski, Geni Axelrud e Sérgio Goldstein.

Quando as entidades comunitárias israelitas brasileiras optaram pela criação da creche, em 25 de janeiro de 1982, na Vila Jardim Universitário, em Viamão, um conjunto de ideais tomava corpo e transformava-se em realidade. As condições de vida daquela população eram difíceis, percebíamos a necessidade da incorporação da mão-de-obra da mulher na obtenção de uma melhor renda familiar. Havia a necessidade de creches que permitissem aos pais uma jornada de trabalho despreocupada, cientes de deixarem seus filhos em segurança. Decidimos que ali havia muito a ser feito.

O programa Pró-creche, instituído pelo Governo do Estado, serviu-nos de estímulo e inspiração. Também a instalação do novo campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Viamão, foi decisivo na certeza do acerto da comunidade escolhida, pelas possibilidades de intercâmbio e assistência através do Programa Peri-Campus, criado para atender as populações periféricas da Universidade.

Evidentemente, prezados senhores, uma única instituição não resolve o problema, mas representa, com orgulho, o apoio da comunidade judaica à população carente que nos cerca. Abrigamos 72 crianças entre dois e seis anos que permanecem conosco das 7h às 18 horas. As educamos, alimentamos, preocupamo-nos com seu bem- estar. Há toda uma equipe de profissionais e colaboradores planejando o desenvolvimento sadio de nossas crianças, num trabalho de doação permanente.

Não acreditamos em atitudes paternalistas que, via-de-regra, têm efeito tão imediato quanto efêmero. A ação social é eficiente e prolongada quando comprometida com o duradouro, com o desenvolvimento pessoal e comunitário. A tarefa é abrangente. Sabemos que nossa contribuição é pequena, é ínfima diante da enormidade dos problemas sociais que nos cercam, mas acreditamos em nosso trabalho e em seus resultados. Esta certeza se reforça no sorriso de cada menino e menina, no desenvolvimento pleno que apresentam quando, ao atingir a idade limite de seis anos, deixam nossa creche e partem para as escolas de 1º grau e para a vida. E é pela convicção que valeu a pena, é que pretendemos estender este atendimento a um maior número de crianças, tendo para isto recebido terreno adjacente ao já ocupado pela creche, doado pela Prefeitura de Viamão.

Todas estas reflexões nos remetem à figura de Anne Frank, que empresta seu nome à Instituição. Mesmo vivendo anos em regime de esconderijo domiciliar, embora tendo conhecido os horrores do holocausto nazista, e diante da ameaça iminente à própria vida, Anne Frank registrou em seu diário: “Apesar de tudo, ainda acredito na bondade humana”.

O objetivo da ECIBRAS, através do Lar da Criança Anne Frank, é evitar a marginalização de tantas crianças, vítimas do verdadeiro holocausto provocado pela doença, pelo abandono, pela fome, pela miséria. Não poderíamos encerrar sem externar nossos mais profundos agradecimentos à Marilaine Bergue, na direção do Lar desde sua fundação, e à equipe de professores e funcionários por ela liderados, pelo entusiasmo e carinho demonstrados em todos os momentos que compõem a rotina que propulsiona o Lar. A todos os nossos mais profundos agradecimentos. (Palmas.)

Nós gostaríamos de expressar em público o nosso reconhecimento ao Ver. Nelson Castan, autor desta homenagem, que tanto nos sensibiliza e colaborador incansável da ECIBRAS.

(O Ver. Nelson Castan recebe um poster oferecido pelas crianças.) (Palmas.)

Ao Prefeito de Viamão, Jorge Chiden, permanentemente atento às nossas solicitações e colaborador, inclusive, de todos os momentos, inclusive obtendo a adoação de mais um terreno anexo ao que hoje ocupamos. (Entrega de poster.)

Ao Grupo Ioschpe, sempre presente e atuante nas cruzadas em prol dos menos favorecidos e que através do seu decisivo apoio viabilizou a concretização dessa creche. (Entrega de poster.)

Estes posteres que estão sendo entregues foram feitos pelas crianças. A Gabriela foi a primeira aluna a se matricular na creche, e a primeira criança, coincidentemente, que no dia da abertura das aulas pôs os pezinhos na creche. Então, eu pediria que ela entregasse à Evelyn Berg Ioschpe, que trouxe um grupo de pessoas o ideal da creche, foi sua fundadora e primeira Presidente da ECIBRAS. (Entrega de poster.)

À Sara Ioschpe, ex-Presidente da ECIBRAS, que contribuiu com o seu dinamismo e capacidade na consolidação dos ideais do Lar. (Entrega de poster.)

À Mariza Melzer Teruchkin, ex-Presidente da ECIBRAS, que soube, através de sua dedicação, conduzir a entidade em forma segura e marcante. (Entrega de poster.) Muito obrigada. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

O SR. PRESIDENTE: E assim nós encerramos agradecendo a presença de todos com os nossos cumprimentos, em especial aos componentes da Mesa e às demais autoridades aqui presentes. Encerramos os trabalhos e um grande abraço à comunidade israelita.

(Levanta-se a Sessão às 17h51min.)

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